O sistema urinário é normalmente estéril e livre de bactérias. As infecções urinárias surgem quando este é invadido por bactérias, que podem se localizar predominantemente na bexiga, causando as cistites, ou nos rins, causando a pielonefrite.
As infecções urinárias são causadas por bactérias provenientes da flora normal do próprio paciente. Estes são microrganismos que habitam normalmente a região chamada perineal, e que, em condições normais não causam maiores problemas.
A bactéria chamada Escherichia Coli causa 85% dos casos (outros que também podem causar infecção são enterococcus, klebsiella, proteus e pseudomonas).
As cistites, e infecções da bexiga, são raras nos homens e bastante frequentes nas mulheres. Estima-se que 30% das mulheres já tiveram, ou terão cistite em alguma época de sua vida.
Maior ocorrência nas mulheres
Dois fatores anatômicos explicam a maior propensão das mulheres a desenvolverem cistites:
1) A proximidade entre o ânus, a vagina e o orifício de abertura do canal uretral. Mesmo em mulheres com hábitos higiênicos locais cuidadosos, torna-se fácil a contaminação da vagina por bactérias intestinais e a subsequente invasão da uretra.
2) O comprimento da uretra no homem mede cerca de 25 cm e na mulher 3 cm. Esse pequeno comprimento da uretra feminina torna muito mais fácil a ascensão e a invasão da bexiga por microrganismos vaginais.
Algumas mulheres podem desenvolver cistites no início de sua atividade sexual sendo, por isso, denominadas “cistites da lua de mel”. Trata-se de uma ocorrência frequente que resulta na inoculação de bactérias na uretra durante o ato sexual.
As mulheres com cistite podem apresentar aumento do número de micções, com pequena quantidade de urina eliminada a cada vez, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, ardor na uretra, dor na bexiga que aumenta no fim da micção, jato urinário fraco e, algumas vezes, sangue vivo na urina.
As cistites da mulher não costumam se acompanhar de outras complicações e, por isso, são desprovidas de consequências mais sérias. Contudo, produzem grande desconforto e sofrimento e isso justifica seu pronto tratamento.
Embora em alguns casos de cistite possa ocorrer sua cura espontânea, a maioria das pacientes precisa ser tratada com antibióticos. O uso de analgésicos e banhos de assento em água quente podem atenuar os sintomas na fase aguda.
Prevenção
Para a prevenção da ocorrência de surtos agudos de cistite, pode ser útil:
1- urinar com frequência, pois o jato de urina elimina as bactérias na uretra.
2- ingestão de grande quantidade de água, o que aumenta a produção de urina e favorece a eliminação de bactérias durante a micção.
3- realizar higiene íntima fazendo a limpeza com papel sempre de frente para trás, e nunca ao contrário, a fim de evitar que bactérias localizadas em torno do ânus sejam carregadas para a uretra. Porém, a lavagem local com duchas parece ser mais eficiente para evitar infecções.
A finalização da higiene local após as micções deve ser sempre com papel macio, que é aplicado na região de modo a absorver a urina residual. A prática de se esfregar o papel é desaconselhável, já que isso pode traumatizar o local e favorecer a penetração de bactérias.
Mulheres com cistites recorrentes devem evitar o uso de roupas justas por longos períodos e não usar calcinhas de nylon ou material sintético. Roupas muito justas e calcinhas não-absorventes impedem a circulação de ar na região genital, o que torna a vagina úmida e aquecida. Este tipo de ambiente favorece o crescimento de bactérias relacionadas com infecções vaginais e envolvidas com cistites.
A irritação da região vaginal propicia o desenvolvimento local de bactérias e aparecimento de infecções secundárias. As pacientes predispostas a cistites devem usar, de preferência, calcinhas de algodão.
As medidas higiênicas comumente empregadas durante o período menstrual como a utilização de absorventes ou tampões vaginais não parecem interferir com o aparecimento de infecções.
Algumas mulheres costumam apresentar cistites após atividade sexual e alguns cuidados podem ser adotados para reduzir a incidência de infecções como, urinar após a relação sexual; ingestão de água após a relação sexual; nunca esvaziar totalmente a bexiga antes do coito para que sempre permaneça um pouco de urina na bexiga para amortecer o trauma do pênis durante o ato sexual; se necessário utilizar lubrificantes à base de água para evitar atrito no canal vaginal; evitar posições dolorosas que indicam que a mucosa da vagina está sendo traumatizada; cuidar dos corrimentos vaginais para evitar que bactérias locais causem infecção urinária.